Ah, uma cidade sem futebol...

Sinceramente, eu não me imagino morando ou trabalhando em uma cidade que não tenha futebol profissional, com aquele lance do dia-a-dia, as viagens, os longos pós-jogos, aquele clima que envolve um campeonato. Mas conheço bem a realidade de quem não tem essa possibilidade.

Curitibanos é uma cidade especial pra nós da Rádio. Lá é nosso ponto de parada, de descanso, nas longas viagens ao Oeste. É a terra do Xirú, meu companheiro de Rádio. Viajamos um dia antes, dormimos lá na casa da Dona Rosa, e de manhã cedo vamos ao destino. Se o cansaço bater, também pousamos lá no domingo, voltando segunda pela manhã. Lá não tem futebol. Tem futsal, no Ginásio "Onofrão", e a cidade inteira vai assistir. Como a cidade não tem outro atrativo, a gente vai lá ver um joguinho. A única Rádio AM da cidade, a poderosa Coroado, transmite de tudo: de campeonato de comerciários a amistosos de veteranos no campo da Agafi, onde o craque atende pelo nome de "Ari Zidane" e o bandeirinha usa um pedaço de pano numa mão, e na outra, segura um copo de cuba. E é assim em uma paulada de cidades. Não tem futebol profissional, mas se ver uma bola rolando, tá lá pra contar história. Mas não é pra mim. Quero uma cidade que tenha um time viajando pelo Estado e fazendo a gente ter alegria, ou sofrer.

Fico pensando como não anda a cabeça da torcida do Marcílio Dias a uma hora dessas. Acredito que, somente no momento que a bola rolou nesse Estadual, é que deve ter caído a ficha que o Marinheiro só vai jogar em agosto, lá na segundona. Vi fotos no "Diarinho" de torcedores que vão visitar o Gigantão sozinhos, para matar a saudade. As rádios locais transmitem o Campeonato Carioca em tubão, pra mostrar serviço. Mas o torcedor marcilista tem na cabeça de que o rebaixamento pode ter sido bom, já que uma nova diretoria assumiu, com uma nova ideologia, para fazer o futebol itajaiense voltar aos bons dias. Não chega aos pés da situação que vive Lages, importante cidade catarinense que não possui time algum nas três divisões do Campeonato Catarinense. Conta com um belo estádio, que está servindo pros jogos de várzea. Que saudade de fazer jogos do Inter lá com campo lotado...

Uma cidade sem futebol profissional não tem a possibilidade daquela torcida fanática para o time do seu município. Eu não viveria sim, mas os moradores de lá, exceto Itajaí, não veem tanta diferença. Será que prestam atenção na TV nos jogos do Campeonato Catarinense?

Comentários

  1. O Campeonato Catarinense tempos atrás era disputado por 20 equipes, em média. Cada cidade importante tinha pelo menos 2 clubes.

    Caxias e América em Joinville, Marcilio e Barroso em Itajaí, Renaux e Paysandu em Brusque, Palmeiras e Olimpico em Blumenau, Hercilio e Ferroviário em Tubarão, Criciuma e Próspera em Criciuma, Figueirense e Avai em Floripa, e por aí vai.

    Futebol profissional não é somente primeira divisão. Sou a favor da volta de todos esses clubes. Nem todos precisam estar disputando a primeira divisão. Quem é torcedor do Paysandú gostaria de ver o seu time disputando a terceira divisão, segunda divisão e sonhar um dia chegar de novo a primeira divisão. O mesmo vale pro Brusquense.

    Pra Brusque seria muito bom. Mais futebol na cidade, mais mercado de trabalho pros nossos jogadores formados na cidade, fortalecimento do futebol na cidade.

    O Hercílio está voltando, o Caxias quer voltar de novo, o BEC também fala em voltar, e já ouvi muita gente em Brusque querendo a volta dos outros clubes. Não necessariamente pra dividir, mas pra somar. Muitos não entendem isso.

    A segunda e terceira divisão também são emocionantes. Claro, não queremos isso para o Brusque, mas poderíamos ter mais 1 ou até 2 clubes na cidade disputando. Bom é que são em épocas diferentes. Não ficaríamos sem futebol no segundo semestre.

    Interessante esse post Rodrigo.

    ResponderExcluir
  2. Eu torço pro Brusque, mas estaria no campo torcendo pro Paysandú ou Brusquense se tivessem disputando outras competições.

    E até pro Guarani, que já teve bons times e foi a terceira força da cidade. Ou pro Santos Dumont no amador. Todas as competições são interessantes. O importante é ter futebol na cidade, e de preferência nas séries A, B e C.

    Temos mais 2 clubes com patrimônio de dar inveja a grande maioria dos times da primeira divisão do estadual.

    ResponderExcluir
  3. É...
    Esse mês de janeiro tá demorando demais para passar. Imagina então a demora até chegar agosto.

    Obrigado Crispim

    ResponderExcluir
  4. Eu torcia para o Paysandu, mas sou contra a volta do Renaux e o Paysandu pelo simples de que não se tem estrutura nem apoio suficiente na cidade para suportar 2 times, que dirá 3.

    Pra conseguir patrocinio pra 1 time só já foi o pau da goiaba. Agora é que a Havan começou a botar um dinheiro. Depois de anos que o BFC passou com o pires na mão.

    ResponderExcluir
  5. Rodrigo, já fiquei sabendo de amigos meus de Itajaí que vão vir a Brusque torcer pelo Bruscão.... Mas em jogos contra os "grandes". Eles tão sem e quem ganha é a gente....
    Abraços
    Jimmy

    ResponderExcluir
  6. Oi, Rodrigo. Eu sou um sofredor, um amargurado, um digno de pena, um melancólico (entre os milhares que somos) torcedor do Internacional de Lages. Conheci teu blog em 2008 (ou foi 2007?), quando o Brusque estava na segundona jogando contra o Inter. Passei e lê-lo com regularidade.

    E isso também dá conta do meu vazio: acompanho o noticiário do futebol profissional em Santa Catarina não porque vou ler algo sobre meu amado Colorado Lageano - afinal, fora de combate, ele não gera notícia -, mas para ter um gostinho, por menor que seja, do que eu estaria fazendo com muito mais afinco se meu time estivesse em campo.

    E olha que moro em São Paulo, de onde só suspiro por causa da inatividade do Inter, o valente, brigador, mal encarado, por vezes chucro Internacional - e era assim que gostávamos dele; representava o jeito de ser do lageano, ou, ao menos, nosso modus vivendi idealizado Santa Catarina afora.

    No ano passado, o Inter completou a invejável marca de 60 anos de vida (quantos times em Santa Catarina são tão longevos?). Não tínhamos time para entrar em campo e comemorar a data. Eu, daqui de São Paulo, com o apoio de alguns amigos colorados que moram em Lages, organizei uma mateada em frente ao Vermelhão, a antiga sede do clube, para que a data não passasse em brancas nuvens.

    Não apareceu uma multidão, mas foi bem mais gente do que poderíamos supor. Afinal, era uma manhã fria do inverno lageano de um sábado de feriadão. Muita gente bebeu até tarde na noite anterior, na Festa do Pinhão.

    Mas estávamos lá, e o Inter conosco. O time está fora de combate, mas não morreu o espírito do nosso Colorado. Mas, se você quer saber como é a vida de uma cidade sem futebol profissional, te conto: é o mais bem acabado compêndio da tristeza. E dá uma mostra de que Lages, outrora próspera e relevante, patina nos descaminhos da história.

    Que vocês de Brusque, Jaraguá do Sul, Chapecó, Itajaí (a segundona do Marcílio é melhor que nada) e tantas outras não enfrentem esse gélido estado de espírito que é ficar sem seus times do coração. O meu time, e o meu coração, estão no limbo, e não há dia em que eu não tenha um nó na garganta de lembrar disso.

    Abraço e bom campeonato a todos.

    Patrick Cruz

    PS - Inter de Lages é o verdadeiro e legítimo clube da cidade. Qualquer outra coisa é conversa pra boi dormir.

    ResponderExcluir
  7. Ah, um mês atrás você publicou uma foto do Inter de Lages com o Andrade em campo. Só vi dia desses. Não sei se ainda te interessa, mas segue aqui a escalação correta daquele time:

    EM PÉ: Saulo, Alceu, Léo, Catarina, Moreira e Bim;
    AGACHADOS: Zé Melo, Volni, Jones, Robertinho e Andrade.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  8. Eu torcia para o Paysandu, mas sou contra a volta do Renaux e o Paysandu pelo simples de que não se tem estrutura nem apoio suficiente na cidade para suportar 2 times, que dirá 3.

    Aqueles que vão apoiar o Paysando e Brusquense não colocam dinheiro no Brusque. Exemplos Renaux, Quimisa, Appel, Zen e inúmeras outras indústrias.

    Uma cidade pode não ter estrutura para ter 2 ou 3 times na primeira divisão, mas pode ter 1 na primeira e outros 2 na segunda ou até terceira.

    Não atrapalha em nada o BFC, e quem ganha é o futebol da cidade.

    ResponderExcluir
  9. Se vc quiser eu cito mais 10 empresas médias e grandes que não vão colocar 1 centavo no Brusque, mas colocariam no Paysandu ou Brusquense.

    Quem ganha é o futebol da cidade. Se mais empresas investirem no futebol, mais dinheiro. É simples.

    ResponderExcluir
  10. Concordo plenamente com o anterior... conheço DUZIAS que colocariam dinheiro de olhos fechados no Renaux ou no Paysandu e não no Brusque...

    É só olhar algumas figurinhas carimbadas do Brusque... é só olhar o passado do Brusque...

    Eu não investiria... é um ralo sem fundo...

    ResponderExcluir
  11. Patrick Cruz

    Vc sabe onde posso conseguir uma foto digitalizada do time do Inter Campeão Catarinense de 1965?

    E dados de texto também, como jogos, resultados, etc

    abs

    ResponderExcluir
  12. A propósito, parabéns pelo teu depoimento. Tenho algumas raizes lageanas também e fiquei emocionado ao ler. Parabéns e um abraço!

    ResponderExcluir
  13. Não digo que o BFC é um ralo sem fundo pra quem tá patrocinando. O objetivo deles acima de tudo é marketing. E vontade de ajudar a cidade a ter lazer.

    Como marketing, o dinheiro está sendo muito bem investido. Como lazer pra população, também. A decepção também está dentro disso.

    Brusque tem várias empresas que querem investir no Brusque, como a Havan e outras.

    Brusque tem também dezenas de outras empresas que não colocam um centavo no BFC, mas colocariam no Paysandú ou Brusquense.

    O Brusque tem uma torcida aproximada de 5.000 torcedores, pelo menos aqueles que vão aos jogos. Destes, apenas 1500 ou 2000 são torcedores fiéis.

    Brusque e municípios vizinhos, como Guabiruba, Botuverá, Nova Trento tem perto de 200.000 habitantes. Existem pelo menos mais 195.000 torcedores potenciais. Vamos supor que só 10% desses gostem de futebol, ainda sobram 19.500 torcedores, ou seja, quatro vezes a torcida do Brusque.

    Hoje torço pelo Brusque e pela volta do Paysandu e Brusquense. Os tres clubes são como agua e óleo: não se misturam. Quem patrocina um jamais vai patrocinar outro.

    Uma coisa é certa: o Paysandú e Brusquense só perdem pro Criciuma e Figueirense em patrimônio. Cada uma das 2 áreas está avaliada por volta de R$ 20 milhões.

    O Brusque vai ficar na espera do estádio municipal, se sair algum dia. Acho que a Arena do Brusquense é um sonho bem mais realista.

    ResponderExcluir
  14. Poxa Patrick Cruz,parabéns pelo teu depoimento. Gostei mesmo, curti pra caramba. Interessante até, no meio de tantos torcedores de Brusque e Metropolitano, que freqüentemente postam comentários aqui, apareça um comentando sobre o Inter de Lages. Assim como teu conterrâneo, mesmo sendo brusquense e torcedor do Brusque, fiquei emocionado. É um depoimento digno de um fiel torcedor. Só exagerasse um pouquinho em dizer que és "digno de pena".

    ResponderExcluir
  15. Rafael e "Anônimo", obrigado pela gentileza de ambos. Anônimo, na comunidade do Inter de Lages no orkut, procure por Maurício Neves. Ele tem um material vasto sobre o Inter e poderá te ajudar, creio.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  16. o Futebol Lageano de base esta nas mãos de poucos e mesmos a muito tempo. Reportagem da RBS mostrou a siuação do futebol na cidade e nela mostraram o Zé Melo triste com a situação. Mas esta nas mãos dele todo o apoio da FME no futebol de base. Tem o estadio, verba e onibus à disposição. E nos joguinhos fez o favor de ser eliminado na primeira fase. Futebol sério, tem q vir desde a base. Acorda Lages!!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Vistoriando

Lambanças do SBT

O Ranking "BdR" do Futebol Catarinense 2019