G4 x Z4

Lá no ano passado, quando o Figueirense conseguiu o acesso e o Avaí se segurou na Série A, muito se falou sobre o momento histórico que seria os dois times juntos na primeira divisão. Quando o sonho se realizou, um deles está num tranquilo voo de cruzeiro, no G4. Outro está desesperado, no Z4. E, é claro, surgem as provocações dos rivais e a inevitável comparação. O que não é ruim nesse momento para o Avaí. Quem está numa pior, quer ultrapassar quem está melhor. Quem está melhor não quer ser ultrapassado. Um desafio informal que aumenta a responsabilidade dentro de um campeonato com os melhores clubes do país.

Mas a diferença hoje é muito grande. De um lado, vemos um Figueirense mais organizado, que fez as tarefas de casa, conquistou um pontinho fora e está no G4, podendo trabalhar com tranquilidade. Hoje, se o alvinegro não mostra um time para brigar pelo título, não dá nenhum sinal de que vá entrar no desespero do rebaixamento. É melhor dos que estão na parte de baixo. É um time que não sofreu nenhum desmanche, perdeu poucas peças que foram substuídas a contento numa estrutura de time montada por Jorginho. Aliás, quem lembra do sufoco que o técnico passou no Estadual, hein... as comparações com Márcio Goiano, as críticas, o nome do antecessor sendo bradado pela torcida. Há de se louvar o modo que o ex-auxiliar de Dunga lidou com a situação. Não partiu para o combate verbal e resolveu trabalhar... se não trouxesse resultado, cairia rápido. Mas como o time está em posição cômoda, ninguém mais se lembra do passado. Futebol tem disso, e Jorginho passou pela tempestade.

O mesmo não se pode falar do outro lado da ponte, onde o Avaí, que já teve um planejamento errado no Estadual, passou por um desmanche quando começava a se acertar. A situação hoje do Avaí é de um time vive num entra e sai danado de jogadores, com uma troca de técnico, onde Alexandre Gallo está tentando arrumar o time com o Brasileirão em andamento. Em qualquer campeonato, seja de primeira ou quarta divisão, arrumar o time com o bonde andando é um risco: pode dar muito certo, mas há uma grande chance de dar errado. Vem aí uma época perigosa, com dois jogos por semana, tempo menor para recuperação e treinamentos mais escassos. Não vai dar pra gastar um dia treinando fundamentos e posicionamentos sob uma nova filosofia. O empresário Luiz Alberto, da LA Sports, deu entrevista nesta segunda-feira prometendo ajudar no projeto mas.... com tanto jogador chegando e tantas alterações, haverá tempo hábil para uma recuperação? O time tem carência em todos os setores, e corre contra o relógio, antes que seja tarde demais.

Mais uma vez, está se provando a teoria de que o Campeonato Catarinense não serve como parâmetro para nada visando o Brasileirão. Lembram-se que o Figueirense conseguiu a façanha de perder para o rebaixado Concórdia, ou que o Avaí esteve na final do returno, perdendo pra campeã Chapecoense? O futebol é momento, e hoje ele é alvinegro, que vê pelo retrovisor o seu rival tentando alcançar uma maior qualidade. Hoje, é um no G4, e outro no Z4.

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