Tubarão debate a fusão dos dois clubes

Tenho acompanhado na imprensa de Tubarão um debate complexo mas muito interessante: torcedores, empresariado, políticos e desportistas discutem até onde é benéfico para a cidade, que é a 13a. maior do Estado com quase 100 mil habitantes, ter dois times de futebol profissional.

Lembro-me muito bem do finado Tubarão Futebol Clube, que conquistou dois vice-campeonatos Estaduais no final dos anos 90, naquele time que tinha Miguel, Eduardo, Rogério, Sandro Ventura, Mabilia, entre outros. Foi uma geração que deu certo, e depois disso, nunca mais a Cidade Azul apareceu na comissão de frente do futebol catarinense.

Ex-dirigentes dos dois atuais clubes da cidade, Atlético Tubarão (ex-Cidade Azul) e Hercílio Luz, tem o mesmo discurso. Ao jornal Notisul, o Ex-presidente do extinto Tubarão e ex-tesoureiro do Hercílio Luz, o empresário Rui Lima afirmou que a fusão é bem-vinda, desde que feita com organização. “Todo mundo tem que apoiar. A cidade tem que se mobilizar. Não é só bater a fotografia e ir embora. No dia que conseguirem isso, eu volto a colaborar”, anuncia. Pedro Almeida, ex-presidente do Atlético Tubarão, é outro que apoia a ideia. “Eu sempre fui favorável, desde a época que eu era presidente. A cidade não comporta dois times”, reforça Pedro. E acrescenta: “É o Hercílio Luz que não quer”. O advogado Clovis Damasceno Paz, ex-diretor do Leão e ex-presidente do Atlético Tubarão, vai mais além na discussão. Para ele, mais do que uma fusão, é necessário um projeto com um fundo de investimento para gerir o esporte. “O futebol mudou, profissionalizou-se, virou empresa. Se não for assim, não dá certo. Independente de nome, time e local, tem que ser viável”, analisa.

O prefeito de Tubarão, Manoel Bertoncini, manifestou-se publicamente a favor da união há cerca de duas semanas, pedindo para que os presidentes cheguem a um entendimento para a formação de somente uma equipe profissional.

Já no Diário do Sul, os empresários, aqueles que investem e são a fonte do dinheiro que move a cara máquina do futebol profissional, se manifestaram. O presidente da Associação Empresarial de Tubarão (Acit), Eduardo Nunes, não tem dúvidas de que uma fusão seria melhor para a cidade. “Há de se respeitar o amor pelos tradicionais clubes, herdados muitas vezes da família. Mas, na prática, se faz necessária uma unificação ou fusão. No entanto, para viabilizar esta questão é preciso sentar, analisar e ver o comprometimento de todos. Com um time só, Tubarão teria uma equipe mais forte e o município só teria a ganhar. Atrairia investimentos".  O empresário Argemiro Nunes, proprietário da Rede A. Nunes, foi ainda mais contundente. “Tem que ter apenas um time. Será melhor do que ter dois clubes “arrebentados” como estão. Tem que acabar com essa teimosia. Seria bom colocar pessoas de cabeça aberta nas diretorias. Hoje, temos “dois meios times”. Temos que somar, e não dividir. Futebol tem um custo e ninguém apoia porque os dois não têm valor. É preciso regionalizar, criar um time novo. Uma cidade grande já não sustenta dois times, imagina Tubarão!”.

As respostas lidas acima são racionais, mas quando se coloca paixão no meio, a coisa fica mais complicada. O exemplo de Brusque, cidade que tem praticamente o mesmo tamanho de Tubarão, é claro. O Brusque FC surgiu em 1987, conquistou um título estadual e criou raízes e uma geração de torcedores. O Carlos Renaux tentou montar times em 2004 e 2006, mas esbarrou na inexperiência, nas limitações técnicas e nas parcerias mal-feitas. Hoje, é claro o cenário aqui: a cidade não comporta dois times profissionais. O Renaux retomará seu estádio em 2012, alugará para o Brusque, tocará o processo das escolinhas e ajudará a formar atletas. E se já é bem complicado para que um time consiga um orçamento de mais ou menos R$ 120 mil para ter um orçamento considerado modesto no Estadual, imagina o dobro disso para dois times.

Esse não é um assunto simples, mas a verdade é que a cidade de Tubarão, que vai para o seu quarto ano ausente da Divisão Principal do Estadual, precisa de uma união de forças para montar um bom time, centralizando os apoios, para conseguir o acesso e se manter no topo, sem fazer bate e volta. É complicado, ainda mais quando envolve pessoas que durante anos se dedicaram aos seus clubes. É de se entender também a posição do empresariado, refletida na declaração do presidente da Associação Empresarial.

Mas só de saber pela imprensa que o debate está rolando na Cidade Azul, é uma boa notícia.

Comentários

  1. Não sou de Tubarão, sou de Florianópolis, mas acho uma pena que se fale nisso. O Hercílio Luz tem 90 e tantos (93?) anos de história. Esse Atlético Tubarão nasceu ontem. Eu, se fosse hercilista, jamais defenderia essa fusão. É juntar bananas com laranjas. Tomara que não ocorra.

    A única fusão que deu certo em 90 anos de história do futebol catarinense foi a do Joinville. As outras só serviram para acabar com times tradicionais e criar monstrengos com pouco apoio popular, que duram apenas alguns anos e depois somem. Falando nisso, não adianta fundirem os dois clubes, criarem o Não Sei o Quê Tubarão (já teve Tubarão, agora Atlético Tubarão, qual o próximo nome?), e os tubaronenses continuarem torcendo pra Flamengo, Corinthians, Grêmio, etc, e ignorando o time da cidade. Aí, podem fazer mil fusões que nunca vai dar em nada.

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  2. eu moro em Tubarão e a maioria aqui torce pra times grandes como Flamengo, Figueirense e Vasco, ou seja, times de fora de Tubarão. Tubarão não tem condições financeiras pra bancar nem um time só.

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