TV aberta para a praça, e outras receitas que os clubes perdem

A FCF ainda não divulgou a chamada "tabela desmembrada" do Estadual porque o contrato de televisionamento dos clubes com a RBS ainda não foi assinado. Até aí, tudo bem.

O que vai aparecendo com o passar dos dias são alguns detalhes desse contrato. Relembrando um pouquinho, a RBS tinha colocado um teto de negociação de R$ 3,2 milhões. Na negociação, acabou fechando por R$ 4 milhões. Mas não é um simples aumento de R$ 800 mil.

Os clubes aceitaram receber esse aumento no contrato sob a condição de que os jogos possam ser transmitidos para as cidades onde os jogos estão acontecendo. Ou seja: toparam ganhar algo em torno de 60 mil reais a mais (falando dos clubes grandes) abrindo mão das rendas que poderiam receber caso a exibição para a praça fosse proibida, como funcionava até o ano passado. E acho que, na ponta do lápis, e falando em time grande, o prejuízo será bem maior que esses 60 mil em todo o campeonato. Abre-se um precedente para que, por exemplo, o clássico da capital no turno e returno seja exibido para Florianópolis. Não é sacanagem da TV, de forma alguma. Está no contrato, com a aceitação dos clubes. Por causa disso que, por exemplo, o Guarani de Palhoça, um dos times que receberá a menor verba da TV, torce muito para que o jogo contra o Figueirense não seja o escolhido pela TV Aberta na abertura. Sabendo que as partidas contra a dupla da capital serão os de maior renda, uma transmissão para a praça colocaria tudo por água abaixo, em um clube que busca se estruturar.

Outro problema é o pay-per-view. Eu já trouxe aqui no Blog, que um dos grandes clubes receberá a módica quantia de R$ 90.100,00 e os restantes R$ 28.266,66 para permitir que suas partidas possam passar na lanchonete do outro lado da rua do Estádio, onde se vende cerveja. Claro que o dinheiro é importante, mas ele precisa ser bem calculado para que os clubes não façam qualquer negócio.

É bom ressaltar que, por regulamento que existe há anos, e isso não se discute, a FCF tem direito a 10% do valor das cotas de TV, conforme está publicado no Código Desportivo. Mas os 12% de desconto para a Agência de Publicidade poderiam ser evitados. Que se contrate a Agência por serviço executado.

Existem outras fontes de renda que os clubes, por subserviência e falta de atitude, deixam de faturar. Exemplo é o contrato com a Chevrolet que, segundo especialistas de São Paulo, rendeu algo entre 200 e 300 mil reais à FCF, que já comunicou que não repassará um real aos clubes. Em troca disso, segundo informou a própria GM em release enviado, a montadora poderá expôr automóveis do modelo Ônix nos estádios, além da colocação de placas de publicidade e até logomarca em banners de entrevistas. Enquanto os clubes catarinenses não receberão um tostão de uma empresa que colocará o nome no campeonato (e que duvido que alguém vá chamar de "Catarinense Chevrolet"), em outros o pagamento é bom. Ontem, em São Paulo, cada um dos 20 clubes que vão disputar o Paulistão ganhou um Cruze top de linha zerinho, em comodato, sendo que o modelo será trocado ao final do ano. Aqui não sobrou nem um Celtinha básico. A Federação Carioca não topou o acordo.

Vamos a outro exemplo, que já bati aqui no Blog, e acho que nunca nenhum clube quis perguntar: a Bola do Campeonato. Hoje, a Penalty fornece a bola do Estadual (foto), que deve ser comprada pelo clube mandante diretamente na FCF. Pergunto: uma empresa ingressa no campeonato catarinense, veicula a sua marca, não paga nada para os clubes que são os protagonistas, que ainda precisam pagar pelas bolas? Tá tudo errado. Caso fosse feito um processo comercial, quem desse a melhor oferta forneceria as bolas, e além de ganhar um dinheirinho, ainda não teria esse custo adicional. Essa negociação precisa pertencer aos clubes.

Se hoje o futebol catarinense tem cinco times nas Séries A e B, é por mérito deles com o seu trabalho. Mas, convenhamos, tem coisa que não está certa e poderia ser bem melhor. Será que os clubes sabem o tamanho do prejuízo que poderão ter liberando o televisionamento aberto para as suas cidades?


Comentários

  1. Olha, tô começando a achar que esses R$ 4 milhões são até muito. Não pelos clubes, pelo nível e visão desses dirigentes dos clubes. Os mesmo caras que elegem Delfim toda vida, ok. Não é de surpreender.

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