A Chapecoense é "A"

Aguante / Chapecoense
Curitiba, 12 de novembro de 2013.

Eu fico aqui pensando como deve estar o meu amigo e futuro jornalista Gilberto, o Giba, lá de Chapecó. Ele está produzindo um grande documentário sobre a história da sua Chapecoense como trabalho de conclusão de curso, e o time dá o passo mais importante da sua história justo no dia do seu aniversário. Assim como o Giba, milhares de torcedores lá no Oeste do Estado dão um grito de "ufa" e agora podem dizer que estão na Série A do Brasileiro.

Uma vitória suada contra o forte Paraná com gol de Bruno Rangel, uma figurinha conhecida em Santa Catarina que nunca teve grande destaque, mas que apareceu como um furacão em 2013, se tornando o maior artilheiro da história da Série B em um ano, passando os 27 gols de Zé Carlos no ano passado, algo que muitos achavam quase impossível de acontecer.

E a Chapecoense mostrou que o impossível para ela, não existe. O time que era chamado com o prefixo "o" pela grande imprensa, de uma cidade que uma grande emissora chamou de "Xapecó" surpreendeu a todos, com um time sem grandes craques, mas com uma união surpreendente. A receita deu certo: uma base construída lá atrás na Série C, que foi aprimorada no catarinense e que deu um caldo saboroso na B. Do veterano goleiro Nivaldo até Rangel, passando pelo competente Rafael Lima, o guerreiro Vanderson até chegar à qualidade de Athos, o time verde soube ler o livro de receitas da Série B. Fez o que tinha que fazer: usou do seu entrosamento para arrancar com o pé no fundo lá em maio, mostrou seu diferencial em jogos-chave e só teve que administrar no returno. O time patinou um pouco nos últimos tempos, é verdade. Mas quem não ficaria ansioso ao ver que tudo estava certo e a Série A estaria logo ali, a poucos pontos de distância?

No último parágrafo escrevi que o time não tinha grandes craques. Deixa eu consertar aqui, tem sim. Quatro. O que o presidente Sandro Pallaoro e o trio formado por Maringá, Maurinho e Cadu fizeram é algo para virar um case de estudo. Contratações feitas com um índice absurdo de acerto, coisa que não é a primeira vez que acontece, e deram ao técnico Gilmar Dal Pozzo a condição de montar um grande time. Com vários jogadores que nunca apareceram com grande destaque, saiu um time que chocou o país. Eu, nas minhas viagens Brasil afora com o JEC na B, fui perguntado mais de uma vez sobre de onde vieram Rangel, Fabinho Alves, Rafael Lima e Athos. Estavam há tempos no mercado, mas sem talvez uma grande chance ou um olho clínico que visse sua qualidade. Olha no que deu.

Aquele rebaixamento que não aconteceu no Estadual mudou muita coisa na Chapecoense, e anos depois, se vê que aquilo foi a melhor coisa que ocorreu para o clube. Outro dia lá na Efapi, o Badá me contou como funciona a administração do clube. Não é uma administração linear. Há um grupo de pessoas influentes de Chapecó que cerca a diretoria, para garantir que nada saia da rota. E com um apoio firme da comunidade como um todo, que a Associação Chapecoense de Futebol, que esteve perto de quebrar na década passada, chegando até a trocar de cores e de nome, hoje é uma instituição saneada, e que já planeja inclusive destinar boa parte da grana que virá da televisão em 2014 para a sua própria estruturação. Outros clubes pensariam em torrar tudo em contratações.

Não sei se a Chapecoense vai fazer bonito em 2014 e continuar mais um ano na A. Eu tenho a certeza de que saco de pancadas, o time não será. Lá na elite, o papo é outro. Mas assim como esse time surpreendeu o Brasil neste ano, eu não duvido que esse índio valente acabe flechando bicho grande no ano da Copa.

Parabéns, pessoal de Chapecó. Vocês merecem e deram uma aula de como se monta um time sem pagar o absurdo para atletas que não resolvem.

Aproveitem a Série A.

A de "A Chapecoense".



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