A FCF sem Delfim

A tragédia na Colômbia, que dói em todos os nossos corações, e que afetará por muito tempo a cidade de Chapecó e a Chapecoense, acabou também provocando um outro grande impacto dentro do futebol catarinense, com o desaparecimento de Delfim de Pádua Peixoto Filho, presidente da FCF.

Três décadas no poder. Sempre polêmico. Discordei de muitos posicionamentos dele. Concordei em outros. Faz parte, isso é futebol. Era um pai que fez o possível e o impossível para defender sua família. Insurgiu contra a CBF. Seu twitter, nos últimos meses, só continha retweets de matérias contra Marco Polo Del Nero. Essa voz, de uma oposição ferrenha, se calou.

Fica a dúvida de como será o futebol catarinense a partir de agora. Afinal, 3 décadas não são 3 meses nem 3 anos. Uma mudança na Federação que teve um presidente por tanto tempo provoca aquela saída da zona de conforto.

O atual mandato vai até abril de 2019. É bom ressaltar que o estatuto da FCF praticamente inviabiliza duas candidaturas no processo eleitoral, já que exige assinaturas de um percentual de eleitores e ele tinha as ligas na mão. Certa vez, um presidente da liga de Brusque (que estava inativa e teve interventor nomeado recentemente) disse que ganhava bolas e diária de hotel em Balneário Camboriú para votar. Vamos concordar, o homem era bom de política. Há uns bons anos atrás, o ex-presidente do Criciúma Moacir Fernandes tentou montar uma chapa opositora. A ideia morreu na casca, já que as ligas definem o vencedor.

Para agradar os clubes e conquistar mais um mandato,  o "Dr. Delfim", como era chamado nos corredores da FCF, costurou bem as alianças. Do sul, se juntou com Antenor Angeloni, então presidente do Tigre, com quem se afinou muito bem, e colocou Rubens Angelotti, seu braço-direito no clube, como um dos vices. Do Oeste, trouxe Nei Maidana, ex-presidente da Chape. No Vale indicou Ericsson Luef, ex-diretor do Metropolitano e dono da empresa Hemmer, que acabou dando nome ao Estadual de 2015, aquele que acabou com tapetão e troféu roubado. Na capital, colocou o saudoso João Nilson Zunino, já ex-presidente do Avaí  e em complicado estado de saúde. Quando tomou posse, ele já não estava entre nós. Teve ainda Laudir Zermiani, o incansável presidente da Liga Joinvilense, único representante do futebol amador. Quando tirava licença, Delfim nomeava um deles pra sentar na cadeira de presidente. Chegou a ficar um bom tempo fora, esperando a brecha para assumir a CBF. Foi vítima de um golpe quando aconteceu a manobra para colocar o Coronel Nunes no lugar de José Maria Marin em uma das vice-presidências.

Mas em caso de vacância não há nomeação, assume o mais velho, assim como na CBF. Como Zunino faleceu, Rubinho vai assumir a presidência da FCF, dando aos clubes o comando do futebol estadual. O trágico acidente impediu que Delfim terminasse aquele que ele dizia ser seu último mandato ou indicasse um sucessor de sua confiança. Dentro do suntuoso prédio de Balneário Camboriú existem fieis escudeiros seus que poderiam muito bem ser indicados para assumir o comando daqui a três anos.

Os clubes, que também terão que se organizar na Associação, que era presidida pelo competentíssimo Sandro Pallaoro, terão dentro da FCF um presidente indicado por um dos seus, o que me dá a ideia, em um primeiro momento, de um estreitamento do contato e até, porque não dizer, de profundas mudanças dentro da Federação e uma gestão unida dos rumos do futebol em Santa Catarina. Essa visão me agrada bastante. Resta ver o que o novo presidente fará ao assumir o gabinete.

Tragédia à parte, apareceu uma oportunidade para uma guinada no futebol de Santa Catarina.


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