Há exatos 50 anos, Perdigão conquistava o primeiro título estadual do Oeste
* Por Adalcir "Pardal" Ceccatto, de Videira
Em 16 de abril de 1967 a SE Perdigão conquistava em Joaçaba,
diante do Comercial, o Campeonato Catarinense de Futebol, imortalizando assim,
o alvirrubro videirense, pois aquela foi a primeira conquista de um clube do Oeste
do Estado.
A história da SE Perdigão havia iniciado em 1964 quando um
grupo de apaixonados por futebol, encabeçados por Flávio e Fioro Brandalise se
reuniu nas dependências da Perdigão para deliberar sobre a formação de uma nova
equipe, que durou apenas cinco temporadas (1965 a 1969), mas gravou seu nome na
história do futebol catarinense.
A primeira
diretoria, de caráter provisório foi formada por Flavio Brandalise
(presidente), Silvio dos Passos (secretário) e Fioro Brandalise (tesoureiro).
No dia 31 de agosto de 1.964 aconteceu a primeira assembléia geral quando foram
aprovados os estatutos e a primeira diretoria composta: Moacir Brandalise
(presidente), Silvio dos Passos (vice-presidente), Varteli Trancoso
(tesoureiro), Sergio Vargas (secretário), Plauto Grazziotin (diretor de
esportes) e Fioro Brandalise (diretor social).
A primeira competição foi o campeonato municipal diante de
tradicionais equipes do município, como Alvorada, Floresta e a Associação
Atlética Videirense, que há muitos anos vencia o citadino. A conquista foi de
maneira invicta, credenciando a Perdigão a disputar o campeonato catarinense
daquele ano, integrando o zonal Oeste e chegando a quarta colocação do
estadual.
A boa colocação na competição de estreia motivou o grupo e
diretoria. Em 1966 nova conquista no municipal e mais uma vez a vaga no
estadual. No Grupo B (Oeste) além, da Perdigão estavam: Comercial (Joaçaba),
Sadia (Concórdia), Guarani (Xaxim), Vasco da Gama (Caçador), Guaycurus
(Concórdia), Cruzeiro (Joaçaba) e Atlético (Chapecó). A Perdigão terminou em
primeiro, com o Comercial em segundo, garantindo os dois para o quadrangular
final diante de Almirante Barroso (Itajaí) e o Metropol (Criciúma), que era o
grande bicho-papão no Estado (campeão cinco vezes na década de 60).
A primeira fase do estadual foi disputada no ano de 66, mas
o quadrangular final iniciou apenas no dia 12 de março de 1967 quando a
Perdigão recebeu o Almirante Barroso e fez 3 a 0 sem chances ao
adversário. No dia 19 o jogo que
foi considerado chave por todos os jogadores do elenco. A Perdigão foi até
Criciúma enfrentar o Metropol e saiu de lá com um heróico 0 a 0. No dia 26 novo
jogo no Luiz Leoni e mais uma vitória por 3 a 0, desta vez diante do Comercial.
Na abertura do returno do quadrangular final a Perdigão foi
a Itajaí, mas voltou de lá com uma derrota por 2 a 0, recolocando o Barroso na
disputa pelo título. No dia 09 de abril Videira parou para assistir o confronto
diante do Metropol. Funcionários da Perdigão foram dispensados para acompanhar
a partida e cerca de 12.000 pessoas foram ao Estádio Municipal Luiz Leoni ver a
vitória por 2 a 0.
Na última rodada a Perdigão jogava no Estádio Oscar
Rodrigues da Nova, em Joaçaba diante do Comercial, enquanto que em Criciúma se
enfrentavam Metropol e Almirante Barroso. O scratch videirense liderava o
quadrangular e dependia apenas de si para levantar o caneco.
O jogo começou
movimentado e logo 11 minutos do
primeiro tempo Barra Velha abriu o marcador para os joaçabenses, mas Zinho,
artilheiro do estadual naquele ano, deixou tudo igual aos 43 do primeiro tempo.
No segundo tempo muito equilíbrio e jogo duro até que Barra Velha, cobrando
pênalti, fez o segundo do Comercial aos 24 minutos da etapa final. A apreensão
tomou conta do elenco ao final do jogo, pois diferentemente dos dias atuais a
comunicação não era tão ágil assim e não se sabia o resultado do outro
confronto.
Lá em Criciúma Gama fez 1 a 0 para o Metropol aos cinco
minutos de jogo, mas aos seis Ubirajara deixou tudo igual. A pressão do
Almirante Barroso seguiu durante todo o jogo, mas a defesa do Metropol parecia
intransponível. Aos 40 minutos da etapa final, em um contra-ataque, Idésio
marcou o gol da vitória dos criciumenses e, consequentemente, o gol que
garantiu o campeonato catarinense de 1966 para a Sociedade Esportiva Perdigão.
CURIOSIDADES:
- A equipe transformou o Estádio Municipal Luiz Leoni em um
verdadeiro alçapão. Disputou 10 partidas em casa e venceu todas, sofrendo
apenas três (03) gols dentro de seus domínios. Ao todo foram 13 vitórias, 05
derrotas e 02 empates. Marcou 42 gols e sofreu 22.
- O grupo viajava para os jogos em duas kombis da empresa e
normalmente era pilotada pelos próprios jogadores. Nos dias mais frios do ano
era normal parar na estrada para tomar “alguma coisa” e aquecer o corpo. Nos
dias chuvosos era preciso por correntes nos pneus;
- No dia 02 de julho de 1967 aconteceu o jogo da entrega das
faixas de campeão. No estádio Luiz Leoni foi sorteado um fusca aos torcedores
pelo apoio a equipe. O adversário era o Carlos Renaux, equipe mais velha do
Estado, que não tomou conhecimento do campeão e carimbou a faixa. 2 x 1.
- Em 1967 a Perdigão disputou a Taça Brasil. Caiu na
primeira fase quando enfrentou o Grêmio, campeão gaúcho e o Ferroviário,
campeão paranaense. A equipe empatou os dois jogos em Florianópolis no Estádio
Adolfo Konder (não foi permitido jogar em Videira) e perdeu os dois confrontos
fora;
- As chuteiras da equipe eram feitas sob medida pelo próprio
sapateiro da empresa e que trabalhava no curtume. Sr Cacaca, como era
conhecido, colocava o pé dos jogadores sobre o couro e fazia o corte. Depois
eram utilizados pequenos pregos para prender;
- Não importa para quem se pergunte. Quem fez parte do grupo
ou quem acompanhou o time sempre afirma que o grande craque do time era
Constante Rogério Richetti, um cerebral camisa 10, que foi o grande maestro da
conquista. Debaixo da trave a segurança de Zangão também fez a diferença e
quase nunca se machucava.
- A equipe que iniciou em 1965, conquistou o Estado em 66 e
disputou a Taça Brasil em 67 encerrou suas atividades em 1969. Grandes
jogadores passaram pela equipe, como Valdomiro que veio do Comerciário e depois
foi para o Internacional de Porto Alegre, onde seria campeão brasileiro e
chegaria a seleção na Copa de 74. A grande revelação da Perdigão foi Milton
Flores, o Peixe, que foi zagueiro titular no período pós 66.
- O elenco da Perdigão campeã era formado por: Odenir Oseas Seemann (Zangão), Gilberto José Liberalli
(Arrepio), Valter Kluser (Batoque), Antonio Carlos Gomes dos Santos (Pelé),
Nilso Brandalise, Luiz Jacinto da Rosa (Galego), Walldomiro Marcinko (Adi),
Osvaldo João, Caubi de Lima, Lauro Ribeiro (Cigano), Adair Dias Gonçalves
(Zinho), Constante Rogério Richetti, Mario Rosário de Barros José (Barros),
Rubens de Lima Machado (Carioca), Jaime Bramatti (Serramalte), Luiz Dirnei
Wolker (Luizinho), Luiz Abitante (Melão), Eloacir Nascimento, José Campolino
dos Passos (Torrado), Fioro Brandalise - treinador e Darcy Flores – massagista.
Comentários
Postar um comentário