O rebaixamento do Joinville - Parte final

A Série D é um inferno, ainda mais pra quem estava acostumado com um calendário legal na Série B, ou até mesmo as 18 rodadas da primeira fase da C, que provocam um fim de temporada ainda em agosto, no máximo setembro. Na quarta divisão nacional, se o time não passar da primeira da fase, encerrará sua participação em apenas 45 dias. Se ficar na segunda fase, serão só dois meses, ou oito jogos. É um campeonato deficitário por si só, praticamente sem TV e que representa a carne de pescoço que cada time precisa encarar se quiser a busca pela estabilidade.

Saiba que teve diretor do Joinville achando que "seria bom" o time deixar a Série C e ir para a D. Há alguns meses, o novo grupo que comanda o clube surgiu com a ideia de transformar o JEC em uma Sociedade Anônima, com o objetivo de criar um fato novo e uma nova dinâmica de administração. Tudo bonito no papel, mas... quem se interessaria em aportar dinheiro em um clube na quarta divisão nacional, que estará em campo praticamente por apenas um semestre, em um campeonato sem visibilidade? A falta de habilidade na área do futebol de quem comandou o clube em tempos recentes levou o Joinville a uma situação desesperadora. Não consigo compartilhar da calma que o presidente Vilfred Schapitz passa nos microfones. O clube não morrerá, isso é verdade, mas entrará em uma situação delicadíssima. No domingo, ele admitiu que o JEC está em problemas com o Profut. Poderá ser retirado do programa, com consequências seríssimas, se não regularizar o que deve.

O Joinville Esporte Clube movimenta uma economia. Só emissoras de rádio que transmitem os jogos, são quatro. Se elas estarão firmes em 2019 na quarta divisão, sem TV pra fazer Offtube, só o tempo dirá. A cidade é estreitamente ligada ao clube. Basta andar pela cidade e ver, em todos os cantos, bares que tem no seu letreiro o brasão tricolor. A queda para a D também pode prejudicar toda essa cadeia, de um clube que chegou a ter 12 mil sócios, jogos com nunca menos de 5 ou 6 mil torcedores e uma venda considerável de itens licenciados, na loja do estádio ou no em um dos shoppings da cidade (cuja funcionária estava sem receber salário e precisou da ajuda de colegas vizinhos para dar um jeito na vida).

Trabalho lá há 5 anos. Vivi bons e maus momentos do clube. Este, com certeza, é o pior. O torcedor, machucado, não vai ao estádio para não se incomodar ainda mais. A sequência de erros organizacionais está culminando em um vexame histórico que inclusive prejudicará o futebol catarinense, já que a queda do JEC resultará em perda de pontos no ranking de Estados na CBF, o que dá um risco enorme da perda de uma vaga na Copa do Brasil.

O Joinville não precisa de promessas e discursos bonzinhos. Precisa de ações concretas e um futebol forte. Sem resultado, não tem como chamar o torcedor de volta. E não é com saída de jogadores e manutenção de técnico tampão com nome de craque argentino que a situação vai melhorar.

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